3 de fevereiro de 2010

Chuvas e enchentes no verão

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Fonte: Revista Veja. Foto: Reuters

Entra ano, sai ano e as fortes chuvas que costumam cair no verão sempre provocam alagamentos em várias partes do país. Em função desses desastres, muitos moradores das regiões prejudicadas pelas cheias perdem seus bens e ficam desabrigados, como ocorreu na tragédia de Santa Catarina, em novembro de 2008. Se o filme é o mesmo todos os anos, por que não são tomadas providências para contornar os efeitos dos temporais da estação? A culpa é só do governo ou também da população?


1. Em qual período do ano o risco de enchentes é maior?
Entre novembro e março. Para este verão, a previsão é de que as chuvas mais fortes aconteçam em dezembro e janeiro. De acordo com a previsão do instituto de meteorologia Climatempo, a maior cidade do país poderá ser muito castigada pelos temporais em janeiro, quando uma frente fria deve estacionar em São Paulo.

2. O que o governo faz para evitar as enchentes?
A Defesa Civil de São Paulo se mobiliza todos os anos para tentar prevenir os danos provocados pela chegada das chuvas de verão. Para este ano, está em vigência desde o início de novembro o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), que tem duração prevista até o dia 15 de abril de 2009.

3. Quais são os principais pontos do Plano Preventivo de Defesa Civil?
São a prevenção aos riscos e integridade física e psicológica da população, redução das perdas e danos causados à cidade e aos munícipes, monitoramento e gerenciamento de áreas de risco e envolvimento da comunidade em práticas preventivas através dos Núcleos de Defesa Civil (Nudec).

4. Que tipo de obra pode ser feita numa região sujeita a inundações?
Limpeza de bueiros e canalização, obras em córregos, ampliações de galerias e muros de contenção, além dos piscinões, que recebem a água das chuvas em regiões onde o relevo é favorável às inundações.

5. Até que ponto é possível prever uma enchente?
Em São Paulo, o órgão responsável por isso, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), é equipado com um radar meteorológico capaz de fazer a previsão do tempo com até 15 dias de antecedência. “Com isso nós conseguimos antever a chuva e emitir boletins para os principais órgãos envolvidos com a emergência na cidade”, explica Hassan Barakat, engenheiro do CGE. Em caso de uma chuva forte, o centro indica os estados de observação, atenção (quando começa um alagamento), alerta (alagamento, mais enchente) e alerta máximo (decretado apenas com autorização do prefeito).

6. O que a população pode fazer para evitar as enchentes?
As pessoas devem tentar manter as drenagens, valas e canaletas desobstruídas. Nunca devem jogar lixo nas ruas, em encostas, córregos, margens de rios ou áreas verdes. “Quando se fala em lixo, falamos desde o papel de bala até móveis velhos. Basta andar pela cidade, principalmente na periferia, que você encontra facilmente geladeiras e móveis jogados no rio. É preciso ter consciência e não transformar um rio numa extensão de lixão”, ressalta Hassan Barakat, do CGE de São Paulo. Além disso, a população deve cobrar as obras necessárias para conter as águas e fiscalizar o poder público.

7. Existe outra forma de ajudar?
Sim. As pessoas podem participar como voluntárias do Núcleo de Defesa Civil (Nudec), formado por um grupo comunitário organizado em um distrito, bairro, rua, edifício, associação comunitária ou entidade. O Nudec tem por objetivo organizar e preparar a comunidade local a dar a pronta resposta aos desastres. Suas principais atividades são incentivar a educação preventiva, organizar e executar campanhas, cadastrar os recursos e os meios de apoio existentes na comunidade, coordenar e fiscalizar o material estocado e sua distribuição e promover treinamentos.

8. Como acontece uma inundação?
Há dois tipos clássicos de inundações: as repentinas e as lentas. As inundações repentinas ocorrem geralmente em regiões de relevo montanhoso. Elas acontecem pela presença de grande quantidade de água num curto espaço de tempo. Chuvas fortes ou moderadas, mas duradouras, também podem originar inundações repentinas, quando o solo esgota sua capacidade de infiltração. Já nas inundações lentas as águas elevam-se de forma previsível, mantêm-se em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente.

9. Quando acontece uma enchente, quem é o culpado?
Os culpados são tanto o governo como a população. O governo, por não fazer obras preventivas, e a população, por jogar lixo nas ruas e ocupar as encostas de forma irregular. Quando ambos, governo e população, cumprem seus deveres, as enchentes podem ser mais raras. “Alagamento sempre acontecerá. Se chover mais do que o solo agüenta, é claro que ele vai transbordar. Mas, se a população é consciente, podemos evitar um desastre”, afirma o engenheiro Hassan Barakat.

10. Perdi bens numa enchente. Como devo proceder?
Tudo depende da situação dos bens das pessoas que foram afetadas pela tragédia. Os que têm seguro devem imediatamente procurar seus corretores. Já os que não têm devem procurar um advogado o quanto antes para estudar a possibilidade de abrir uma ação judicial contra o poder público.

11. O que devo fazer quando estou no carro e ocorre uma enchente?
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em caso de chuva forte, o motorista deve imediatamente reduzir a velocidade do veículo e evitar passar perto de rios e córregos. A CET também recomenda que o motorista não passe por locais alagados em que não se pode ver a rua. Em casos extremos, quando é preciso atravessar o trecho alagado, mantenha o carro acelerado e não troque de marcha.

12. O que devo fazer quando estou em casa e ocorre uma enchente?
No caso de alagamento, a chave geral de energia deve ser desligada, e alimentos e produtos de limpeza devem ficar fora do alcance da água. “Além disso, os moradores devem procurar um lugar alto para ficar”, aconselha Ronaldo Malheiros Figueira, geólogo e coordenador de ações preventivas e recuperativas da Defesa Civil da cidade de São Paulo.
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