3 de abril de 2013

Depois da Trifurcação

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Idealização. Representação material de uma vontade pré-existente, de um desejo íntimo não elaborado pra essa personificação. Tomada de posse quase que repentina, sorrateira.

Difícil não querer. Encanto de predador sobre presa. Superfície estampa a realidade tão crua que as subcamadas ganham brilho, mistério e uma película protetora extra, camufladora, maquiada de oásis. O que se vê é o que se é.

Ser ou não ser? Essa não é mais a questão. Estar é sinônimo de ser num espectro temporal, não há diferença. Se estar-se é o tempo vivido, é ser-se. E torna-se o esperar que seja e o que poderia ser, quando tudo simplesmente é.

A metamorfose que dá vida à borboleta ainda acontece sobre a lagarta e a preserva, mas com asas mais bonitas, mais chamativas, mais atrativas. São as mais belas asas em uma mesma lagarta repulsiva. A beleza e encanto das asas, máscaras venezianas que dão vida e cor a olhos inocentes e prontos para o belo, mesmo que maliciosos o suficiente.

Ver o espetáculo conquista a pureza, que em sua sagacidade busca o belo por trás das cortinas, nos bastidores da mostra de estímulos. Os olhos buscam fundo, encontram a pequena luz do sorriso triste coberto de cerâmica e tinta ou do rastejo lamentoso que aguarda alçar voo. Mas nada desse encontro passa de futuro condicional ao alheio.

As pequenas chamas que podem nunca se acender. Se não acendem, são potências de energia que não se tornam fogo e calor. São chamas que não são. Se estão rastejo, assim o são, sem vida para sentir, sem asas para voar, com somente um mundo casulo para existir.

Ao longe, manter a máscara para curtir o carnaval por todo ano tira as borboletas do estômago para voarem desorientadas para novos jardins. Jardins de inverno que demoram a florescer.

Mas sempre chega a primavera.


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