Estreou nessa quarta-feira, 15, o 6º filme da franquia cinematográfica para a saga literária de J.K. Rowling:
Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Eu, como bom fã da série, fui à pré-estreia do dia 14 para o dia 15, às 0h01 (esse 1 minuto é só pra dizer que foi dia 15?) no Shopping Anália Franco, em São Paulo. Uma parada no meio do filme, com luzes acesas e sua retomada 2 minutos depois não atrapalharam o andamento.
Devo começar dizendo que é uma adaptação um pouco diferente das anteriores. Primeiro por ser a que é
menos fiel ao livro. Muitas das passagens foram rearranjadas para caber melhor na tela. O resultado foi satisfatório. Mesmo sabendo que algumas cenas não eram bem daquele jeito, o filme ficou conciso, redondinho. A exclusão de
Rufo Scrimgeour, o novo Ministro da Magia, e de outros personagens, como os
Dursley, não fizeram tanta falta assim, apesar de achar que eles ajudariam a dar mais frescor à série, com novas caras. Mas Jim Broadbent, o cômico
Prof. Horácio Slughorn, preenche muito bem esse papel, ajudado (em menor escala) por Jessie Cave, que interpreta a efusiva
Lilá Brown.
O segundo ponto que o faz diferente de seus antecessores é ele não ser somente "mais sombrio" como vinham sendo os filmes. Nesse sexto ano em Hogwarts vemos mais humor, apoiado nos romances adolescentes que cercam
Harry (Daniel Radcliffe),
Rony (Rupert Grint),
Hermione (Emma Watson) e
Gina (Bonnie Wright). Mas ainda acredito que justamente por isso ele é ainda mais sombrio, pois mostra as coisas puras e boas da adolescência acontecendo, mas no pano de fundo sentimos um perigo iminente que virá à tona somente no próximo episódio:
Relíquias da Morte, que terá sua primeira parte lançada em novembro de 2010.
E acredito que justamente por ter esses dois pontos contrastantes com os filmes anteriores, somado a uma ótima fotografia, trilha sonora primorosa e efeitos especiais que enchem os olhos mas só nos momentos certos (como nas entradas na Penseira), esse longa tenha muito mais alcance e possivelmente possa chegar às indicações do próximo
Oscar. Pessoalmente torço para Jim Broadbent ser indicado e levar o prêmio como ator coadjuvante, mesmo que Rupert Grint e Emma Watson tenham se saído ainda melhor dessa vez, às sombras do protagonista.
Mesmo assim, fiquei um pouco decepcionado com a ausência de uma
batalha um pouco mais intensa após a morte de um dos principais aliados de Harry. Acho que talvez por essa ausência, essa morte tenha passado quase tão seca quanto a de Sirius Black em
Ordem da Fênix. Nesse ponto acho que faltou emocionar um pouco mais o espectador. Eu que chorei lendo essa passagem do livro pela primeira vez passei imune pelo cinema.
Outro ponto que não ficou muito bem esclarecido foram as extensas explicações de Dumbledore sobre as
Horcruxes para Harry. Muita coisa deixou de ser dita, mas ouvi dizer que coisas que faltaram no sexto filme iriam aparecer no sétimo. Vamos esperar e ver como essa busca pelas horcruxes de Voldemort vai se desenrolar.
Por falar em
Dumbledore, tenho que dizer que finalmente Michael Gambon achou o tom correto pra interpretar o diretor que nos dois primeiros filmes foi brilhantemente criado pelo americano
Richard Harris e a partir de
Prisioneiro de Azkaban foi destruído por Gambon, que dava autoridade, rispidez, severidade e agitação ao maior personagem de Rowling na minha opinião. Dessa vez Gambon acertou em um Dumbledore mais calmo, pausado, intenso. Ainda não é o Richard Harris, mas já me convenceu melhor.
Nesse filme, o
Voldemort interpretado por Ralph Fiennes não dá as caras. Mas nas lembranças vistas na Penseira, ele aparece com 11 anos, interpretado pelo sobrinho de Ralph,
Hero Fiennes-Tiffin, e com 16 anos por
Frank Dillane. E os dois conseguiram uma boa interpretação para a personagem, mas o garoto Hero Fiennes-Tiffin causa alguns arrepios com sua intensidade dramática.
Outros personagens que gosto bastante tiveram pouco tempo em tela, como
Minerva McGonagall (Maggie Smith) e
Luna Lovegood (Evanna Lynch), mas enquanto apareceu deixou sua marca. E o dúbio
Severo Snape (Alan Rickman), que sempre sonhou em assumir o cargo de professor de
Defesa Contra as Artes das Trevas, não teve nenhuma aula na tela. Mas um que teve seu tempo relativamente aumentado e que soube aproveitá-lo bem foi Tom Felton, que deu o crescimento adequado a
Draco Malfoy, que deixa de ser o garotinho enjoado para se tornar um Comensal da Morte com uma missão arriscada. A relação de inimizade entre Harry e Draco dessa vez evolui para extremo ódio mútuo e que acaba em um duelo sangrento em um banheiro da escola. Helena Bonham Carter, como
Bellatrix Lestrange também impôs sua presença, mas o lobisomem
Fenrir Greyback (Dave Legeno) passou quase batido.
É um filme com muitas qualidades. E valeu a pena assistí-lo pela segunda vez na sexta-feira, 17, mas dessa vez na sala
IMAX do Shopping Bourbon Pompéia, com os 15 primeiros minutos em 3D. Pena que não foi o filme todo.
Agora guenta a ansiedade para
Relíquias da Morte!